quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Fuga

  É quase impossível encontrar uma opção válida entre as que a vida que eu conheço me apresenta. Levo uma vida inútil, eternamente atraída por coisas que não existem mais ou sequer chegaram a existir, tropeçando nas garrafas que esvaziei tentando me esquecer das pequenas fatalidades da existência. Sempre fugindo, vivendo por trás de máscaras criadas única e exclusivamente para esconder o meu profundo descontentamento em relação ao meu fracasso em lidar com as pessoas e os meus sentimentos por elas. As vezes, é como se o mundo me convidasse gentilmente a me retirar por uma porta dos fundo que me conduzirá ao pátio da não-existência.
   Apesar de tudo, não desisto, continuo essa interminável luta diária contra um inimigo invisível aos olhos dos outros, que mora dentro dos confins da minha alma (se é que isso existe). 
   As batalhas contra essa ameaça tão familiar são psicologicamente irritantes e cansativas, o motivos pelos quais lutar e as armas à serem usadas estão sempre perto de serem extintas, mas a
esperança ainda se faz presente, e se renova a cada amanhecer e à cada milímetro reconquistado nesse campo de batalha mental. Ainda existe este dia e é por ele que irei continuar.....
     Nessa guerra não há vencedores e nem vencidos, não há previsão de término, a única certeza que se tem é que todos os envolvidos nela estarão  mortos em seu final.

Indiferença Assassina

       Apesar de habitarmos esse planeta há alguns milhares de anos, muitos anos a mais do que realmente merecemos, não aprendemos muito com os erros do que vieram antes de nós.Continuamos torpes, cruéis, invejosos, preconceituosos e ainda matamos e morremos por nada, colocando a culpa de tudo isso na sobrevivência. Com o passar do tempo, mudam só
as armas, mas elas continuam sendo usadas contra os mesmos alvos: os considerados "diferentes e/ou inferiores". As fogueiras, Torturas e Calabouços não estão mais em voga, o que se usa hoje
é a indiferença. É claro que há certos grupos bárbaros que ainda utilizam-se da violência , mas a maior parte da sociedade simplesmente ignora todo e qualquer ser que não se enquadre em seus parâmetros.Milhões de pessoas tratadas como se não existissem, sendo marginalizadas dia-a-dia, isoladas do resto como se fossem algo contaminante. Essa é a pior morte, a morte social,
ser varrido para baixo de um tapete de falso moralismo.
        Um pequeno grupo no poder, formula a "nossa" opinião sobre qualquer assunto antes mesmo de termos uma, e inserem em nossas mentes se que sequer percebamos de onde isso veio.Eles nos avaliam, classificam e nos dividem entre "bons e ruins", pra depois perseguir e erradicar tudo aquilo que não é conveniente a sua gloriosa "sociedade organizada". Essa minoria há muito
caça e mata, de formas quase imperceptíveis, todos aqueles que tendem a fugir de seus padrões . Os grande inventores, as pessoas que traziam idéias inovadoras, que estavam à frente de seu tempo, na maioria das vezes foram humilhadas publicamente por suas descobertas, se essas fossem de encontro aos interesses desse grupo dominante. Muitas dessas pessoas foram mortas e depois de alguns anos, quando estava mais de que comprovada a genialidade das mesmas, receberam o devido, mas tardio, reconhecimento de suas obras.
       Há a sensação de liberdade dos novos tempos, mas a censura continua no mesmo lugar de sempre, só que maquiada. O bicho-papão da intolerância está mais vivo do que nunca, sufocando o grito daqueles que desafinam do coro dos contentes, tampando com várias peneiras o sol do conhecimento, que reservadamente brilha para poucos. Criam motivos absurdos para guerras estúpidas, que só servem de desculpa para perseguição religiosa, étnica, sexual, etc. E assim, vão lentamente eliminando todas as personas non-gratas de seu mundinho perfeito, o "Para Todos" não existe, a inclusão social é uma mentira, o respeito por valores individuais está quase escasso, grandes potências mundiais ainda invadem, pilham e saqueiam as terras dos menos instruídos; pessoas todos os dias são execradas por suas opções pessoais, são enterradas vivas num cemitério á céu aberto, chamado de mundo moderno.

       Muito se fala sobre Aquecimento Global, que as mudanças climática irão nos matar, mas antes que isso aconteça nos mesmo iremos fazê-lo. Este planeta, que há muito é moradia de uma raça que só destrói, com a desculpa de construir, irá sobreviver à todos nós e quando ele estiver vazio de gente, ele será a prova final de nossas falhas foram cobradas e pagas da forma mais devastadora possível.